O Jardim América é um bairro nobre da zona oeste da cidade de São Paulo, Brasil. Forma parte da região da cidade conhecida como Jardins, de predomínio da classe-alta. O bairro faz parte do distrito do Jardim Paulista, administrado pela subprefeitura de Pinheiros.
É delimitado pela Rua Groenlândia, Avenida Nove de Julho, Avenida Brasil, Avenida Brigadeiro Luís Antônio, Rua Estados Unidos e Avenida Rebouças. Limita-se com os bairros: Jardim Paulista, Jardim Europa e Cerqueira César.
HISTÓRIA
Projetado pelos ingleses Barry Parker e Raymond
Unwin, o bairro foi o primeiro projeto imobiliário brasileiro baseado no modo cidade-jardim. O projeto foi encomendado
pela City of São Paulo Improvements and Freehold Company Limited, também
sediada na Inglaterra, que fez um loteamento voltado para o público de alto
poder aquisitivo. Inicialmente, foi chamado Villa America, uma
homenagem a America Milliet Sabino, senhora de Horacio Belfort Sabino, consogro
de Cesário Cecílio de Assis Coimbra e sócio da Cia. City em vários
empreendimentos. Foi, também, grande proprietário de extensas áreas nessa
região, inclusive as que formam, atualmente, o bairro de Cerqueira César, parte
delas legadas por seu sogro Afonso Augusto Milliet e parte adquirida de
terceiros. Essa experiência de urbanização tinha como preocupação oferecer uma
alta qualidade de vida aos moradores, por meio de residências instaladas em
grandes terrenos ajardinados, dispostos em ruas arborizadas de traçado
curvilíneo.
Inicialmente, tratava-se de uma propriedade dos
coronéis Joaquim e Martim Ferreira da Rosa, com uma área de
1.091.118 m². O projeto inicial do bairro previa uma grande praça central com
quatro ruas em diagonais, jardins internos privativos (que integrariam os
terrenos) e uma avenida principal de acesso aos mesmos. Tal idéia, contudo,
enfrentou objeções na sociedade da época. Foram necessárias adaptações, fazendo
com que alguns jardins passassem a ter um uso semi-público, com acessos através
de vielas.
As obras se iniciaram em 1913, terminando
quase duas décadas depois, em 1929. Os loteamentos eram regidos por
diversas restrições de uso do solo, criadas pela Companhia City: limites
para o gabarito, afastamentos laterais e recuos de fundo e de frente. O
objetivo era garantir a qualidade ambiental, sanitária e visual dos imóveis que
ali seriam erigidos. Esses procedimentos eram inovadores para a época. Além
disso, O decreto municipal nº 3227, datado de 1929, estabelecia a
proibição de construção de prédios não residenciais, o que conferiu-lhe um
padrão diferenciado e garantiu sua alta valorização.
Houve longas negociações entre a empresa loteadora
e a prefeitura do município, pleiteando melhorias como iluminação pública e
serviços de transporte coletivo. A City colaborou com a doação dos
terrenos onde se instalaram o Club Athletico Paulistano e a Sociedade
Harmonia de Tênis, com o objetivo de estimular a prática de esportes e a saúde
dos moradores do bairro. Foi ainda cedido um terreno para a construção da Igreja
Nossa Senhora do Brasil. O Club Athletico Paulistano tinha como sede o Estádio
Jardim América, onde eram realizados os jogos do Campeonato Paulista de
Futebol. O
estádio foi demolido na década de 1950.
Em virtude de seu inestimável valor paisagístico em
decorrência da sua localização, o bairro e a região dos Jardins foram
tombados pelo CONDEPHAAT no ano de 1986.
Jardim America antigamente (à esquerda) Jardim America hoje (à direita)
ATUALMENTE
O Jardim América é um dos mais
valorizados da capital paulista, sendo o bairro mais caro da cidade para se
residir em casa térrea e o segundo que mais consome água. Também é residência de diversos
moradores da elite paulistana. É
classificado pelo CRECI como "Zona de Valor A", tal
como outros bairros nobres da cidade, exemplo de: Higienópolis, Cidade Jardim e Ibirapuera.
Foi
retratado em diversos livros de arquitetura e história nacional, tais como: "A cidade e os Jardins: Jardim
América, de projeto urbano a monumento patrimonial (1915-1986)" da historiadora Zuleide Casagrande de
Paula e “Jardim América: o
Primeiro Bairro-jardim de São Paulo e sua Arquitetura" de Sílvia
Ferreira Santos.
No bairro
localizam-se o Clube Atlético
Paulistano , e a Sociedade Harmonia de Tênis, clube de esportes tombado pelo CONDEPHAAT na década
de 1980, por sua arquitetura inovadora. Abriga
também a Igreja Nossa Senhora do
Brasil, na Praça Nossa Senhora do
Brasil, muito procurada para casamentos da elite paulistana. Projetada em
estilo colonial-barroco na década
de 1940 pelo arquiteto Bruno
Simões Magro, possui também um acabamento em azulejos de cerâmica, madeira de
lei trabalhada e zimbórios de pastilhas de porcelana.
Em seu
território encontram-se os consulados chinês, espanhol, peruano, português, russo e uruguaio
Exemplo de casa do bairro de Jardim América
Igreja Nossa Senhora do Brasil
MORADORES E EX-MORADORES
- Abílio Diniz (1936), empresário
- Dilson Funaro (1933-1989), empresário, engenheiro e político
- Mário Wallace Simonsen (1909-1965), empresário
- Paulo Salim Maluf (1931), engenheiro, empresário e político
PARTICIPAÇÕES CULTURAIS
A
região foi e é plano de fundo em diversas novelas brasileiras, sendo o lugar
onde vivem todos os personagens de classe alta e média-alta das tramas, são
elas: "A Próxima Atração" de Walter Negrão, "Sete Pecados"
e "Caras & Bocas" de Walcyr Carrasco, "Anjo Mau" de
Maria Adelaide Amaral, "Ciranda de Pedra (1981)" de Teixeira Filho,
"Ciranda de Pedra (2008)" de Alcides Nogueira, "Rainha da Sucata"
e "Passione" de Sílvio de Abreu, Ti Ti Ti ambas versões de 1985 e
2010 de Cassiano Gabus Mendes e Maria Adelaide Amaral respectivamente, entre outros
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